“Era um amor à Romeu, vindo de repente numa troca de olhares fatal e deslumbrante, uma dessas paixões que assaltam uma existência, a assolam como um furacão, arrancando a vontade, a razão…”
Os Maias, Eça de Queirós
“Não há amor como o primeiro”. Quando começa, sem sabermos bem porquê, sentimo-nos esmagados pela realidade que vivemos. Quando recuperamos os sentidos e a respiração, estamos incondicional e irrevogavelmente apaixonados. Não o queremos perder mais. Queremos que ele oiça tudo o que aprendemos a dizer, que ele sinta, tenha paciência, e nos oiça até ficarmos sem voz, até se aperceber de tudo o que provoca em nós.
O primeiro amor é irracional: quanto mais amamos, menos sentido existe para tudo. Quando ele olha para nós, sentimos vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, porque sabe fazer de nós a pessoa mais feliz do mundo. Já não sabemos se tudo o que somo é por ele, mas incompreensivelmente, somos o mesmo que ele e vemos coisas que outros nunca conseguirão ver. Sabemos com toda a certeza que a pouca lucidez que temos nos permite, que é quem queremos, pois consegue dar-nos um sorriso todos os dias. Não sabemos explicar o que sentimos quando está perto, mas é, sem dúvida quem nos faz feliz e isso vale mais do que qualquer outra coisa.
Não é possível que depois de tudo consigamos amar outra pessoa desta forma insustentável, nunca tão apaixonadamente. Entregamo-nos de mais a este amor incrível, descobrimos tudo o que desconhecíamos. O primeiro amor preenche-nos por completo, ocupa todo o nosso corpo. Inexplicavelmente, precisamos de tudo o que é dele e queremos que ele necessite de tudo o que é nosso. Não podíamos ter encontrado alguém melhor.
No final, o coração guarda o que nós, sem saber como, deixamos escapar das mãos e, como sinal de amor puro, mesmo quando já não está lá quem amamos, continua a ser essa pessoa quem nos acompanha. A razão porque a separação dói tanto justifica-se com o facto de termos, inevitavelmente, ligado a nossa alma a outra.
Beatriz Cruz 11ºB