Quinta-feira, 15 de Abril de 2010

 

“Mãe (…) da pedra levantada (…) do embalo das águas (…) do arco de ferro sombrio.”

 

MãE de uma cidade edificada sobre a dor dos que partiram, a alegria dos que chegaram e a tranquilidade dos que vivem dia-a-dia à porta do Paraíso.

 

Também este velho segura em suas mãos a cidade e tudo o que isso acarreta: a janela, o vaso, a porta, a pessoa… A neblina envolvida em duas esferas, pedras erguidas nas mãos de um homem, cuja face reflecte a mais bela cidade do seu coração. O olhar repleto de memórias perde-se no azul caloroso da MãE.

 

MãE? A única prova viva de que o Porto existe…

A RIBEIRA

 

 

 

 

Marta Ascenso 11ºF



donos das palavras pratadanossacasa às 20:10

As Desilusões são lâminas ferozes que nos acertam bem no ponto fraco, seja ele qual for, as Desilusões sabem sempre qual é. As Desilusões são aqueles bichinhos perversos que nos impedem de dormir de noite ou afectam o nosso sono com pesadelos aterradores, são aquele ambiente sombrio que paira inevitavelmente sobre nós em qualquer dia de sol, são o desânimo de nada nos motivar ou divertir, são a nostalgia dos tempos em que ainda não as conhecíamos, são uma promessa quebrada ou um coração partido…

As Desilusões são as perguntas preocupadas dos amigos às quais só respondemos “Eu estou bem” com um sorriso fraco e apático, nem o apoio destes nos parece suficiente no desabar do Mundo, por isso, para quê cansá-los? As desilusões são um cabelo sem brilho e com trejeitos rebeldes, uma pele seca e com manchas, um olhar enegrecido e sem o seu brilho natural, são as simples calças de ganga e a “t-shirt” que trazemos só porque é mesmo necessário vestirmo-nos para sair à rua. São a dor de cabeça, a leve gripe, o enjoo, as tonturas, a falta de apetite ou o excesso de fome, o sono que nos arrasta para a cama durante vários dias num quarto sem qualquer vislumbre de luz, é o que nos faz telefonar desesperados a alguém para nos tirar dali o mais rápido possível. As Desilusões são as sextas-feiras à noite e os fins-de-semana que passamos trancados em casa a pensar: “ Mas que raio aconteceu à minha vida?”. As Desilusões são aquele sentimento de vergonha e arrependimento por tudo o que demos (o que demos demais), são a visão sarcástica e negativa com que passamos a ver a vida, aquela visão cautelosa e auto-protectora.

As Desilusões são feridas muito particulares, pois vêm sempre de onde menos esperamos, vêm sempre de alguém em quem confiamos e de quem gostamos, por isso mesmo são Desilusões. Batem-nos em palavras, actos e imagens que nunca mais esquecemos e que, mesmo tentando apagar, vão voltar sempre à memória em momentos decisivos, constroem olhares tristes e destroem gestos bonitos. Na verdade, as Desilusões são as armas mais dolorosas, já que são feitas de verdades que muitas vezes não queremos ver… É tão mais fácil acreditar nas pessoas!

Dizem que as Desilusões ajudam a crescer, fortificam e ensinam a custo de erros, a custo de excessiva confiança e disponibilidade, que as Desilusões nos acordam de um sonho para o pesadelo que é a realidade. Mas, se assim é, porque queremos acreditar na pessoa que nos desiludiu? Porque continuamos a desejar um pedido de desculpas e um final feliz? Porque é que, mesmo depois de embatermos na parede, de cairmos no chão, e depois de nos levantarmos com sofrimento e orgulho, repensamos sempre em voltar a passar pelo mesmo?

Seria simples terminar esta crónica com a máxima “o tempo cura tudo”, mas, honestamente, a cura para este “doença” não conheço. Depois de tanto tempo, as Desilusões passadas ainda me aceleram a pulsação e me arrancam o chão debaixo dos pés. Então agora espero que, depois dos sintomas, alguém conheça o remédio.

 

Inês Gomes, 11.º E

 



donos das palavras pratadanossacasa às 19:58
Esta é a nossa casa. A prata que lá temos são meninos, não de prata mas de ouro...
Colégio Dom Diogo de Sousa

Abril 2010
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3

4
5
6
7
8
9
10

11
12
13
14
16
17

18
19
21
22
23
24

25
26
27
28
29
30


Baú de escritos
pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO