Às vezes revolta-me esta sociedade em que vivemos, o estado como os acontecimentos se desenrolam à nossa volta, e nós, inertes, tomamos uma atitude totalmente passiva mas não por isso menos expectante relativamente ao que nos está ou vai acontecer. É uma curiosidade apenas ao nível intelectual, que nos deixa incapazes de por em prática qualquer acção que possa vir a alterar o desenvolvimento de determinados assuntos, ainda que importantes para as nossas vidas. Somos totalmente dependentes daquilo que deixamos, sem interferir, que nos aconteça, por falta de capacidade crítica ou até por comodidade, e somos assim pequenos bonecos, figurantes na história da vida que vai sendo escrita sem parar um instante, sem perder um pormenor, e da qual nós nem chegamos a fazer parte.
Eu quero mudar, quero vencer este terrível paradigma, este quase inevitável obstáculo que nos está destinado enquanto seres massificados, idênticos aos passados e aos futuros, por uma ligação imutável de hereditariedade. Não tenciono mudar o mundo, está claro, mas pelo menos vou tentar dar o meu máximo contributo para que esta situação se altere, para que possa deixar de ser apenas uma cidadã igual a todas as outras. A passividade é o modo mais fácil de agir perante situações complexas, é um facto, mas será que com este tipo de atitude encontraremos a verdadeira resposta, a longo prazo, para os problemas? Está claro que não. E devemos então deixar que esse poder de decisão se restrinja a um grupo limitado de pessoas que, na maioria dos casos, pouco ou nada conhece sobre esses assuntos? Que nunca antes contactou com eles? E aceitaremos assim uma sentença dada por alguém totalmente estranho e alienado dos factos? Não era suposto que assim ocorresse, pelo menos num país onde se verifica um regime, a todos os níveis, democrático.
O grande problema do nosso povo, e da sociedade em geral, reside no facto de este não se achar no direito, ou sequer na capacidade de, de alguma forma, intervir. É um erro reincidente em que, perante a importância dos assuntos ou a eloquência (que muitas vezes não passa disso mesmo) de quem os debate, sentindo-se totalmente anuladas por tanta formalidade e aparato, muitas pessoas tendem a deixar-se levar.
E a ruptura deste sistema que, apesar de democrático, acaba por se mostrar injusto, passa muito pela mudança de mentalidades, por um salto importante na maneira de pensar e de ver o mundo. Urge, hoje, perante toda esta situação, a necessidade de intervirmos, nós, enquanto cidadãos, individualmente ou não, e defendermos as nossas causas, aquilo que acreditamos estar mal e que pode, com a nossa contribuição, melhorar.
Seria sonhar alto de mais se desejasse que todos pensassem como eu, e talvez, em termos práticos, a minha ideia fosse inconcebível, mas ainda mais inconcebível que tudo isto é a sociedade passiva que se tem vindo a desenvolver e da qual eu me pretendo destacar, diferenciar e não ficar agarrada ao estereótipo de uma cidadã-espectadora do que me rodeia. O mundo é demasiado grandioso, vivo, cheio de movimento para que tenhamos esta atitude leviana perante a vida. Esta é, sem dúvida, uma lição que quero dar aos meus filhos e netos, mas não sem antes lhes dar a oportunidade de conhecer o meu exemplo prático, a minha obra enquanto cidadã activa e preocupada com o bem pessoal e comum. Se pretendo ser grande e reconhecida? Não. Mas nesta jovem inocência acredito ser capaz de mudar o mundo.
Joana Barros 11ºD